sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

ESSA VELHA VAI SER A NOSSA MORTE!!!!

O Sol estava alto e a tarde estendia-se lentamente como se o dia jamais fosse dar lugar à noite. A equipa de filmagens acabava de montar os últimos pormenores para as primeiras cenas d' A ... Bem! Tudo parece estar perfeito...

Apesar de vários anos de explosões, beatas mal apagadas, uma velha carcomida pelo tempo de olhar demoníaco, carnificina desmesurada, lágrimas e... vá lá, uns litros de ranho e baba misturado, situações inexplicáveis e 2 gnus atropelados por uma jenny, Richy, Salles e Quitos parecem, finalmente, ver o sonho de uma vida ser concretizado... levar a bom rumo esse malfadado filme cujo o nome não pode ser pronunciado.

Atenção! - berra Richy emocionado com as lágrimas a percorrerem-lhe o rosto.

Atenção a todos! João e André! Esses filtros e a iluminação, já está tudo afinado? E o que é feito da embarcação da velha carago?!! Push, estás a ver se lixas esta merda toda?!! Já não bastava a merda da bruxa para agora a equipa dar cabo desta nhanha?!!

Calma rapaz . Não vês que estão tão nervosos como nós. Tu sabes que isto é um risco e que pode tudo acabar a qualquer instante - diz Salles enquanto faz as últimas afinações com a equipa de áudio.

Não me digas que ela sabe onde estamos? - pergunta Quitos apavorado ao mesmo tempo que deixa cair um peso de 40 Kg da grua nos pés do operador da perche que pronuncia uma série de palavrões acabados em ões e alhos, ao mesmo tempo que agoniza em dores.

Ela não sabe! Mas se continuarem a falar dessa múmia fumadora ainda acabamos todos em chamas!!! - salienta Salles preocupado com o rumo da conversa.

Bhaaa! Histórias e maldições! Essa fava torcida cheia de bolor que se lembre de aparecer por cá que eu conto-lhe das boas! Ai conto conto! - responde com desdém e troceiramente Richy enquanto olha para os monitores.

Olha que estás a caminhar por trilhos perigosos ao troçar dessa maneira! Tu sabes bem o que tem atrasado tudo isto e porque razão ainda aqui estamos! - friza Salles cada vez mais preocupado.

Richy - Ui que medo! Ela que venha a cheirar a mijo e mofo que eu digo-lhe como se apaga uma beata!!! Malta, preparados? Vamos lá filmar a primeira de muitas cenas d'A BARQUEIRA!!!

O silêncio instala-se por toda a planície Alentejana. De tal maneira que nem o som dos pássaros e das cigarras permanecem num raio de 100 Km. Toda a equipa pára como se procurasse algum indício da chegada de um enviado do Inferno. Só o silêncio e o medo se apoderaram deste lugar agora esquecido por Deus. Tudo graças ao prenunciar de um nome tão antigo como o tempo...

ahhh... Errr... Bem, vamos lá então começar. - Balbuceia Richy arrependido pelo descuido fatal provocado pela irritação.
Atenção! Acção! - grita Richy a olhar de soslaio para tudo o que é canto.

Mmmmmmmffffff...

De repente, um som familiar e tenebroso apodera-se do coração de todos os que estão presentes e o inevitável acontece...

CABUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUMMMMMMMM!!!...


Milhares de peças voam pelos ares, enquanto as chamas e os gritos de terror tomam conta de todo o cenário. É a Velha caraças! Fujam todos! Salve-se quem puder!

Mas a salvação é coisa que não consta da lista das vítimas da Velha...
Entre mortos e semi-mortos lá se escapam os 3 realizadores dos destroços carbonizados de metal e corpos a cheirar a carne de porco tostada.

Resta saber até quando virá o dia fatal... MUHAHAHA...!!!! Mfffff.... Cof!Cof!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Casting para o filme A Barqueira



Episódio 2

Estava uma tarde solarenga, o vento batia quente, muito à moda do C.S.I. Miami, Zé Carlos, taxista de profissão guiava o seu bólide junto à marginal como de costume. Com o bracinho de fora da janela, buzinadela para aqui e para acolá enquanto escutava atentamente as notícias.
Rádio - Fora encontrada mais uma vítima da Barqueira, desta feita uma prostituta de cerca de 33 anos fora encontrada nua e esventrada junto ao cais terminal do Cais do Sodré. O chefe da Polícia Judiciária em declarações...
Zé Carlos - Com as tripas de fora... não há direito...
Rádio - ...uma lenda viva que veio do Purgatório, uma pequena aldeia algarvia, perto de Olhão. Os habitantes do Purgatório afirmam tratar-se de uma maldição...

Um vulto atravessa-se à frente do velho táxi e Zé Carlos nem teve tempo de por os pés aos pedais. A velha charrunca velha embateu com toda a força no vulto negro lançando-o por cima do capô. Com um chiar de pneus queimados o carro lá se imobilizou. Zé Carlos branco como a cal, saiu do carro para ver quem era mas ficou surpreso por não encontrar lá ninguém. Virou-se de novo na direcção do carro e lá estava a barqueira envolta de nevoeiro junto à porta dos passageiros. Zé Carlos aturdido ficou sem reacção quando viu a velha barqueira abrir a porta e sentar-se no lugar traseiro do carro.

O carro arrancou a grande velocidade. O táxista como bom falante que era decidiu meter conversa para quebrar o gelo.
Zé Carlos - Já vi que a senhora deve ser da outra margem... não me diga que o seu cacilheiro empanou?
A velha não reagiu às piadas pouco conseguidas do seu motorista.
Zé Carlos - Está uma bela tarde não está?
De repente no interior do táxi tranforma-se num microclima de tempestade e grandes vendavais, começa a chover apenas no interior do carro e abate-se sobre os dois tripulantes um nevoeiro abrupto.
Mmfff... Chupava a barqueira o cigarro da praxe.

Zé Carlos - Ah... Cheguei-lhe a perguntar para onde é que vamos?
Barqueira - Para o inferno!!!!

O carro extingue-se por entre risos diabólicos com uma enorme explosão, evaporando-se no ar quente.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

BEHIND THE SCENES ‘A BARQUEIRA’ E OUTRAS HISTÓRIAS

“Há já bastante tempo que não via nada deste tipo. Bem, para dizer a verdade eu nunca vi nada que se parecesse com isto… Nem daquela vez que o meu pai me pediu para apanhar sabonete líquido do ch...Aaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhh!!! Fujam, ela vai-nos matar a todos! Ouviram! A todooooooooooos Ahhhhhhhhhhhhhhhhh hihihihihihihi huhuhuhhuuhhuh…”. 

Estas são algumas das raríssimas palavras com lógica (se é que existe algum tipo de lógica neste tipo de discurso) de Borreguinhe de Cerveje num hospício algures no profundo Alentejo, um dos mais conceituados especialistas mundiais em concepção de softwares para animação em 3D e efeitos especiais. 

Borreguinhe fazia parte de uma equipa que foi criada especialmente para algo considerado por muitos como impossível de alcançar, a ejaculação precoce em animais acondicionados hermeticamente e numerados através de chips de alumínio fundido em carvão… (estava a brincar) … Agora sim, a criação de um software/hardware para um dos filmes mais controversos de sempre, ‘A BARQUEIRA’.

Tudo devido ao enormíssimo número de explosões violentas e sanguinárias existentes neste filme que, a contar com o já elevado número de vítimas no mundo real, já é considerado o único filme por filmar (to be movie) de culto com mais seguidores em toda a história cinematográfica. Bem, há que acrescentar que, até ao momento, todos os fãs jazem mortos e desfeitos, ou estão prestes a ter um fim... que envolve sempre combustão e litradas de sangue.

 A contar com a equipa inicial da qual Borreguinhe fazia parte, assistentes de produção, produtores, mulheres da limpeza, vinte e três chocos com tinta, uma mulher em parto e dois guaxinis assediados sexualmente por um padre de Assafôra, entre muitos outros, ‘A BARQUEIRA’ tem vitimado tudo e todos que se atravessam no seu caminho ou tentam levar a bom rumo este mistério da sétima arte.

Há quem já fale na MALDIÇÃO DA BARQUEIRA (hum…belo título para uma das sequelas). Apesar de todo este terrível e sanguinário cenário, a equipa responsável pelo nascimento deste perigoso mas ambicioso projecto não tem olhado a meios.

A provar isso, Richy, Salles e Quitus já vão na quinquagésima nona equipa criada especialmente para a concepção do tão falado software/hardware que permita a criação de explosões tão violentas que nem a própria equipa faz a mínima ideia de que está a falar e como elas serão. Tudo financiado pelo recurso ao crédito agrícola, fundos da União Europeia, contos do vigário feitos a pessoas da terceira idade residentes no interior deste maravilhoso país, eventuais assaltos sem qualquer tipo de organização e algum endividamento descontrolado e não planeado por parte destes três visionários, fantásticos, bonitos, másculos, bonitos, musculados,... Eu já disse bonitos?...realizadores.


No fim desta reportagem acabaríamos por receber a triste notícia que ‘A BARQUEIRA’ acabava de fazer a sua última vítima.

Borreguinhe Cerveje acabaria por ser encontrado na casa de banho a boiar na sanita (pelo menos a dentição ainda lá estava) ao mesmo tempo que já fazia parte do lar de algumas ratazanas croatas que acharam por bem alojar as suas numerosas famílias fugidas desse animal, esse sim uma autêntica praga e um perigo público/planetário (por enquanto), o Homem.

 

Entrevista exclusiva ao Produtor

Jornalista - Diga-me, como é que a barqueira surgiu?
Produtor Mal amanhado de cabelinho puxado atrás e charuto na boca - Ora, três indivíduos de nacionalidade africana inrromperam pelo meu escritório adentro com armas em punho e disseram-me: "Chama a Gaja, já!" e lá acabou por ficar o "Call Girl".
J. - Estava a perguntar sobre o filme a Barqueira...
P. - Chiu... O filme cujo o nome não podemos proclamar ainda está no segredo dos deuses meu caro amigo.
J. - E não pode adiantar nenhum pormenor? Como tudo aconteceu?
P. - Ora bem, a bar... a velha pesqueira cujo o nome não posso proclamar começou... iniciou... err... quer se dizer... err... ó pá sei lá aconteceu, homem! Só me lembro de me cheirar a tabaco e quando vou a olhar para trás metade do meu antigo escritório tinha ido pelos ares.
J. - Acha que o público português vai gostar?
P. - Sim, claro! A barqueira, entre-aspas, vai ser o maior filme de acção de todos os tempos! Vai ser uma explosão de mudança no mercado português e já conseguimos ter o apoio do Regimento de Sapadores de Bombeiros de Vila Nova de Lafões. Vai ser um sucesso garantido!
J. - Não tem um cigarro que me arranje?
P. - Desculpe, não fumo.
J. - Então que cheiro é este?

- Mmfff... - aquele era o som irreconhecível da barqueira a chupar um cigarro de um travo.
Já cá fora, está a velha a olhar para o cimo do prédio quando um dos andares nesse mesmo momento explode em chamas.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

- Episódio 1 -

Eram cerca das 7 da tarde, o sol aos poucos ia caindo e desaparecendo por detrás das nuvens sombrias. Já perto da margem via-se uma pequena embarcação rodeada de nevoeiro escondendo o seu único passageiro.
- Barqueira!!! - gritava um pescador em terra junto à baia mal iluminada.
Depressa as pessoas começaram a girar, a correr num corrupio frenético, num pânico organizado e acostumado a estas andanças. As portas começaram a fechar-se, os estores das janelas a serem corridos, as portadas trancadas e em pouco tempo a pequena vila ficara deserta. A barqueira chegara.
Não se via vivalma quando a tempestade se abateu sobre o local, começou a choviscar e em pequenos passos a velha curvada pisava o solo empapado. O cigarro caído no canto da boca era tão comum nela como a sua enorme verruga de pêlo do nariz, teria cerca de 100 anos mas ninguém sabia ao certo. As pessoas da comunidade achavam que se tratava de um fantasma que coleccionava almas para se manter viva. Provavelmente um mito mas ninguém ousava tirar a prova dos nove da velha barqueira.
Mmffff.... a velha chupava o cigarro como se fosse um rebuçado e num único travo fumava-o por completo. Com uma pequena risadinha, a barqueira lança a beata fora para dentro de um barracão e dá-se uma violenta explosão.
- Ahaha! Ardam meus pequerruchos, ardam... - riu-se diabolicamente a velha barqueira.
Em três tempos toda a aldeia fervia em combustão, enquanto ao longe via-se a pequena embarcação afastar-se.

P.s.: A barqueira é um filme que foi cancelado antes mesmo de ser escrito, por questões orçamentais, dado ao facto de ter demasiadas explosões.