quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Episódio 2

Estava uma tarde solarenga, o vento batia quente, muito à moda do C.S.I. Miami, Zé Carlos, taxista de profissão guiava o seu bólide junto à marginal como de costume. Com o bracinho de fora da janela, buzinadela para aqui e para acolá enquanto escutava atentamente as notícias.
Rádio - Fora encontrada mais uma vítima da Barqueira, desta feita uma prostituta de cerca de 33 anos fora encontrada nua e esventrada junto ao cais terminal do Cais do Sodré. O chefe da Polícia Judiciária em declarações...
Zé Carlos - Com as tripas de fora... não há direito...
Rádio - ...uma lenda viva que veio do Purgatório, uma pequena aldeia algarvia, perto de Olhão. Os habitantes do Purgatório afirmam tratar-se de uma maldição...

Um vulto atravessa-se à frente do velho táxi e Zé Carlos nem teve tempo de por os pés aos pedais. A velha charrunca velha embateu com toda a força no vulto negro lançando-o por cima do capô. Com um chiar de pneus queimados o carro lá se imobilizou. Zé Carlos branco como a cal, saiu do carro para ver quem era mas ficou surpreso por não encontrar lá ninguém. Virou-se de novo na direcção do carro e lá estava a barqueira envolta de nevoeiro junto à porta dos passageiros. Zé Carlos aturdido ficou sem reacção quando viu a velha barqueira abrir a porta e sentar-se no lugar traseiro do carro.

O carro arrancou a grande velocidade. O táxista como bom falante que era decidiu meter conversa para quebrar o gelo.
Zé Carlos - Já vi que a senhora deve ser da outra margem... não me diga que o seu cacilheiro empanou?
A velha não reagiu às piadas pouco conseguidas do seu motorista.
Zé Carlos - Está uma bela tarde não está?
De repente no interior do táxi tranforma-se num microclima de tempestade e grandes vendavais, começa a chover apenas no interior do carro e abate-se sobre os dois tripulantes um nevoeiro abrupto.
Mmfff... Chupava a barqueira o cigarro da praxe.

Zé Carlos - Ah... Cheguei-lhe a perguntar para onde é que vamos?
Barqueira - Para o inferno!!!!

O carro extingue-se por entre risos diabólicos com uma enorme explosão, evaporando-se no ar quente.

Sem comentários: